Totonho e a
Marvada pinga
É mais uma tarde ensolaradas, pássaros de diversas espécies cantando, as
árvores com suas copas exuberantes sacolejam para lá e para cá e parecem
querer ditar o ritmo da pacata avenida Brasil, pequena no tamanho, mas grande
na beleza e nos seus causos e fatos que por aqui se passam. Toda boa avenida
que se preze deve ter um bar, aconchego dos trabalhadores rurais que por
aqui, são muitos, sujos e cansados, batem a poeira do seu dia de labuta na
porta deste bar e adentra para tomar a boa e velha cachaça, para uns apenas
um aperitivo para abrir o apetite, para outros, soníferos dos bons para em
casa apagar de vez e esquecer as dificuldades do dia, para seu Totonho,
figura ilustre da pequena cidadezinha Maravilha.
Após o meio dia, enquanto homens e mulheres caminham pelas ruas desta pequena avenida, na correria dos afazeres da casa ou apenas de um dia a dia normal de trabalho, alunos se apressando para iniciar das aulas, seu Totonho, diante de seu bar favorito, é visto todos os dias como quem estivesse desmaiado em meio a calçada, porém, com as mãos ainda firmes, agarrado na sua velha amiga e companheira, garrafa de pinga, quem olha sente inveja de tamanha tranquilidade em meio a correria, mas há quem olhe e sinta pena de alguém no auge de força física de um homem, ao invés de estar atracado a uma enxada, como a grande maioria dos homens que por aqui moram, no lugar, está uma garrafa. Filho de uma humilde senhora deficiente e aposentada, membros conhecidos e respeitados em meio a comunidade, Totonho passa a vida a sua bebedeira as custas da pobre velhinha e no auge de seus 40 anos de idade e aparência de muito mais, Totonho vai se desfazendo da vida e de seus sonhos pouco a pouco, ao menos ver aquele pobre homem deitado e largado em pleno sol do meio dia, sem lambido por cães e picados por moscas eu e alguns amigos que passamos todos os dias correndo por aquele local para ir a escola que é logo ali, próxima e testemunha do cotidiano daquele homem, chegamos a uma única conclusão, a bebida pode acabar com um homem. Somente pelas manhãs, bem cedinho, quando ainda a brisa fria e suave da pacata Maravilha cortas nossas faces é que alguém consegue encontrar Totonho ainda são, homem boa praça e respeitoso, se tem alguma dívida a ser cobrada com ele, ou se há algo importante a lhe ser dito que o procure pela manhã, logo cedo, ou correrá o risco de ter que esperar pela manhã seguinte, se é que acorda totalmente são. Ao deitar naquelas calçadas sujas, duras e ásperas, Totonho deve viajar num mundo só dele, um mundo mágico, leve e prazeroso que o real, por este motivo, todos que passam não o ajudam, mas também não o atrapalha, apenas ignorem mais um bêbado sonhador, que finge também ser trabalhador, acorda cedo como quase todos os homens da cidade, bebe seu café forte para dar uma sarada na ressaca, caminha pelas ruas com pouco movimentação de carros, cumprimenta os homens e as senhoras que se apressam para seus afazeres, porém, diferente deles, se deita após uma longa bebedeira e sonha, sonha com mais um dia difícil e corrido de trabalho. Ah! Como o dia hoje foi duro, pensa coitado de seu Totonho.
Aluna . Maria Gabrielli -9ª ano
|
0 comentários:
Postar um comentário